Nascido a 19 de dezembro de 1902 em Nova Iorque, Mortimer J. Adler era filho de imigrantes judeus, a professora Clarissa Manheim e o joalheiro Ignatz.Aos 14 anos, Adler abandonou a escola a fim de trabalhar como secretário no The New York Sun, visando um dia, quem sabe, tornar-se jornalista.Com o intuito de melhorar sua formação e sua escrita, Adler passou a frequentar algumas aulas noturnas na Columbia University. Graças a essa iniciativa, teve seu primeiro contato com o filósofo inglês John Stuart Mill. Durante a leitura de Mill, Adler descobriu que o autor havia lido Platão ainda criança, ao passo que o próprio Adler, com 15 anos, ainda não havia lido absolutamente nada do filósofo grego. No decorrer de suas leituras, Adler notou que havia perdido muito tempo e que precisaria correr atrás de muito conhecimento. A lista de livros não lidos crescia a cada instante. Se você ficou interessado (a) em saber de qual lista de livros estou falando, então compre agora mesmo o clássico Como Ler Livros! Nesta obra poderá encontrar não apenas um ótimo método para os seus estudos, mas também a lista de livros elaborada pelo próprio Adler.
Graças a um vizinho que lhe emprestou um livro de Platão, Adler pode confirmar suas suspeitas: estava apaixonado pelo conhecimento!Diante dessa constatação, Adler decidiu estudar filosofia, e matriculou-se na Universidade de Columbia, onde recebeu uma bolsa de estudos esportiva. Infelizmente, pelo fato de não saber nadar, nem estar disposto a participar de qualquer atividade física, fez com que Adler acabasse não cumprindo os requisitos mínimos para manter sua bolsa e, portanto, foi impedido de se formar. No entanto, isso não foi um impeditivo para a paixão pelo conhecimento que brotara em seu coração. Adler continuou acompanhando todas as aulas, apenas como ouvinte. Esse foi um período importantíssimo para a formação intelectual e humana de Mortimer Adler, durante o qual ele começou a elaborar seu pensamento e suas concepções a respeito das pedagogias contemporâneas de sua época. Também nessa época ele descobriu aqueles que, mais tarde, chamaria heróis: Aristóteles, Santo Tomás de Aquino, John Locke e os já citados John Stuart Mill e Platão. Durante o período na Universidade de Columbia, Adler contribuiu para a revista literária da universidade, The Morningside. Sua determinação e comprometimento com os estudos lhe renderam uma tutoria e, após algum tempo, um doutorado em psicologia. O diploma de graduação veio apenas em 1983, quando a Universidade de Columbia o homenageou com um título honorário por seus méritos intelectuais. A obra de Adler se estende da literatura à filosofia, da teologia à pedagogia. É considerado por muitos como o maior filósofo católico do século XX e um dos mais proeminentes neotomistas dos últimos tempos.
Anos depois do seu primeiro contato com o pensamento de Santo Tomás de Aquino, Adler declarou que a austeridade intelectual, integridade, precisão e brilhantismo desse grande Santo da Igreja elevou o estudo da Teologia a um patamar mais importante que seus estudos filosóficos. O fato de ser um tomista convicto e colaborador assíduo de jornais católicos de filosofia e educação, assim como presença assídua em diversos eventos de instituições católicas, levou muitas a considerarem que ele havia se convertido ao catolicismo, contudo, isso só viria a acontecer mais tarde. Adler levou um longo tempo para amadurecer seus pensamentos a respeito de certos pontos teológicos. Quando escreveu How to Think About God: A Guide for the Twentieth-Century Pagan em 1980, declarou considerar a si mesmo o “pagão” mencionado no subtítulo de seu livro. No volume 51 do Mars Hill Audio Journal (2001), Ken Myers incluiu sua entrevista com Adler, realizada logo após a publicação de How to Think About God. Myers relembra: “Durante a entrevista, eu perguntei qual a razão para ele nunca ter abraçado a fé cristã. Ele explicou que, apesar de ter sido influenciado por um grande número de pensadores cristãos durante a vida, haviam obstáculos morais – não intelectuais – para a sua conversão. Mas não se aprofundou muito no assunto.”De acordo com seu amigo, Deal Hudson, Adler “foi atraído pelo catolicismo por muitos e muitos anos” e “desejava ser um Católico Romano, mas questões como o aborto e a resistência de seus familiares e amigos” mantiveram-no longe. Provavelmente esses mesmos motivos o levaram a se batizar em uma Igreja Episcopal ao invés de uma Católica. O fato de sua mulher ter sido uma episcopal fervorosa pode ter contribuído para a sua decisão. Não foi coincidência alguma que, logo após a morte da esposa, Adler finalmente tenha dado seu último passo em direção à Igreja de Roma. Em dezembro de 1999, em San Mateo – para onde se mudou com a intenção de passar os seus últimos anos de vida –, Adler formalizou sua união com a Igreja Católica Apostólica Romana, depois de um longos anos passados como apenas um amigo e admirador.Ainda que tenha se mantido espiritualmente e institucionalmente longe da Igreja Católica durante grande parte da vida, Adler pode ser considerado um filósofo católico, devido a sua longuíssima participação no movimento neotomista e sua igualmente longa membresia na American Catholic Philosophical Association.
Adler referiu-se à Ética a Nicômaco de Aristóteles como a ética do senso comum e também como a única moral filosófica que parece praticável e não dogmática. Portanto, a moral aristotélica seria a única doutrina moral que responde a todas as questões que a filosofia moral, não só pode, como deveria se preocupar em responder, nem mais, nem menos.Ela possui respostas que são verdades, dado seu padrão de verdade ser apropriado e aplicável aos julgamentos normativos. Em contraste, acreditava que outras teorias ou doutrinas, se esforçavam por responder mais questões do que elas podem, ou menos do que deveriam.
Adler foi um autodeclarado “dualista moderado”, pois acreditava que as posições do dualismo psicossocial e do monismo materialista eram simplesmente lados opostos de uma mesma moeda.A respeito do dualismo, dispensou o que considerou com sendo um extremo, como algumas ideias de grandes filósofos, como Platão (corpo e alma) e Descartes (mente e razão), da mesma forma com a ideia de um monismo extremado e à teoria de identidade da mente.Depois de eliminar os extremos, Adler adere a um dualismo mais moderado. Ele tomava por certo que o cérebro é, segundo a lógica filosófica, apenas uma necessidade, mas não suficiente para o pensamento conceitual; um intelecto imaterial ou metafísico é também requisitado como condição. As diferenças entre os desejos humanos e os dos animais são radicalmente diferentes em forma.